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Promotoras explicam dissolução inédita do júri em Canoinhas

 

As promotoras de justiça que atuavam no júri popular que teve seu conselho de sentença suspenso na madrugada desta ultima quarta-feira, 19, explicaram as suas visões enquanto representantes do Ministério Público.

O júri foi suspenso por tempo indeterminado depois que uma testemunha protegida cujo depoimento não constava nos autos do processo foi elencada pelas duas testemunhas ouvidas durante o dia. A contragosto da defesa de um dos réus, Nelvir Gadens, que gostaria de continuar com o julgamento, o juiz Eduardo Veiga Vidal decidiu dissolver o conselho de sentença por considerar que a falta do relato de quem presenciou o homicídio de Cláudio Herbst em 2021 seria um erro grave no processo.

“Foi um júri muito esperado, demandava muito estudo e muita atenção, diversas reuniões do MP e preparação exaustiva para ao menos três dias de julgamento”, observou a promotora Daniela Böck Bandeira.

O MP desejava que o processo continuasse com a aceitação da nova testemunha. O pedido recebeu objeção de Cláudio Dalledone Júnior, líder da defesa dos réus, que não aceitou a inclusão do testemunho no julgamento por não ter tido acesso a ele durante sua preparação. Entretanto, a promotoria solicitou e foi acolhido o pedido para que os três réus sigam presos em regime fechado para “resguardar a comunidade canoinhense” até que seja realizado novo julgamento.

SITUAÇÃO INUSITADA:

A promotora Bianca Andrighetti Coelho ponderou que a dissolução do júri é uma “situação inusitada” com a qual nunca havia se deparado em seus 10 anos de atuação como promotora de justiça. Embora tenha sido titular no MP de Canoinhas por mais de três anos, atualmente atua na comarca de Navegantes e veio ao município em apoio à Daniela.

“O que ocorreu aqui hoje foi uma situação inusitada. Em 10 anos de trabalho, nunca participei de um plenário do júri em que o conselho de sentença tivesse que ser dissolvido”, relata.

Segundo Bianca, a defesa “veio muito aguerrida e equipada com mídias, gravações e mesas que se colocaram aqui no plenário com objetivo bastante claro de desestabilizar, achar máculas, criar situações para desconstituir as falas muito relevantes das testemunhas”.

A promotora destaca que ela e seus colegas não tinham conhecimento sobre a testemunha citada pelos policiais militar e civil que prestaram depoimento. Essa pessoa, um policial militar, teria chegado no local com a vítima ainda viva, o que a torna uma “testemunha-chave do processo que até então não se tinha conhecimento”, segundo Bianca.

Depois que o policial foi citado diversas vezes pelo militar e pelo civil que prestaram depoimento, o Ministério Público vasculhou documentos e encontrou o depoimento, que não constava no processo digital, passando a insistir que fosse considerado no julgamento. “Contudo, a defesa foi terminantemente contra e não permitiu sequer que a testemunha fosse ouvida”, pontua Bianca.

Enquanto as discussões ocorriam no tribunal, a testemunha mencionada foi levada ao fórum e ficou em uma sala reservada aguardando ser chamada. Mas como a defesa “não aceitou de forma alguma a utilização das provas, o juiz considerou insustentável a manutenção do conselho de sentença, que deveria ter acesso ao conteúdo”, conta Bianca.

Agora a defesa precisa de tempo para acessar o conteúdo e se reorganizar para que nova data seja marcada.

PALAVRA DA DEFESA

Cláudio Dalledone Júnior, advogado que encabeça a defesa de Nelvir Gadens, falou à reportagem por meio de sua assessoria de imprensa assim que ocorreu a decisão pelo encerramento do julgamento e envio de seu cliente à prisão em regime fechado. O advogado diz ser “um dia triste para a justiça”.

Assista ao vídeo abaixo:

 

Por: J+

 

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