A prefeita de Canoinhas, Juliana Maciel (PL), que jogou dois livros no lixo por considerá-los impróprios, disse em entrevista exclusiva à NDTV Record nesta sexta-feira (19) que o ato foi simbólico e que viu a decisão de retirar as obras do espaço como acertada.
O Ministério Público de Santa Catarina informou que vai investigar o caso. Em nota, o órgão disse que a 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Canoinhas da área da Infância e Juventude e Educação instaurou notícia de fato para apurar o descarte de livros.
Segundo a prefeita, as obras serão devolvidas para os organizadores do projeto Mundoteca – biblioteca comunitária na cidade onde estavam os exemplares: “Aparelho Sexual e Cia”, de Zep e Hélène Bruller, e “As melhores do analista de Bagé”, de Luís Fernando Veríssimo.
“Esses livros foram jogados simbolicamente, e esse vídeo foi divulgado em uma página minha, não da prefeitura. Mas de todo modo eu não mudo o meu posicionamento sobre aqueles títulos estarem à disposição, ao alcance de crianças e adolescentes”, comenta Juliana.
De acordo com a prefeita, os livros estavam com a classificação equivocada e no alcance de crianças e adolescentes que frequentam o espaço. A biblioteca é gerida desde o último ano pela Secretaria Municipal de Educação.
“Enquanto poder público, a gente entende que a Mundoteca disponibilizou para uma categoria que não é adequada e naquele espaço em que as crianças e pré-adolescentes mais circulam. Se alguma família quiser acessar aquele livro específico, ele tem que buscar um ambiente para adultos para que isso seja feito”, orientou.
A idealizadora e produtora do Mundoteca nega. Segundo a FGM Produções, todos os livros que compõem o acervo do projeto passam por uma curadoria de especialistas e trazem uma etiqueta com a faixa etária recomendada.
A produtora também explicou que há um controle rigoroso de empréstimos dos livros feito pelas educadoras sociais, que só permitem os empréstimos para pessoas com a idade adequada.
A biblioteca foi inaugurada em 19 de novembro de 2022 em Canoinhas e gerida pelo projeto por oito meses. Após esse período, o gerenciamento do espaço e acervo ficaram sob os cuidados da prefeitura.
“A Mundoteca tem uma visão mais lúdica e é utilizada até como uma base para passeio escolares das nossas crianças. Eu tomei a decisão e continuo achando a minha decisão acertada em tirar aquilo que não é para estar em circulação junto com crianças e pré-adolescentes”, diz.
Os livros envolvidos na polêmica, segundo a produtora, nunca foram emprestados para as crianças. O “Aparelho Sexual e Cia” tem indicação para o público juvenil e foi emprestado somente para uma pessoa adulta na biblioteca. Já “As melhores do analista de Bagé” é recomendado para o público adulto e nunca foi emprestado.
Questionada sobre a importância da educação sexual para as crianças, a prefeita disse que é de acordo, “mas não ensinando criança a fazer sexo, porque quem pegou o livro viu que tem até posições sexuais. É um absurdo”, fala.
“Podemos falar de educação sexual dentro da faixa-etária adequada e nós temos por exemplo enfermeiras aptas, temos uma rede de saúde pronta, políticas públicas”, complementa.
Por ND+
