Entretenimento

Baixaria na TV: Por que tantos brasileiros odeiam o BBB, e outros amam? E você, AMA ou ODEIA o BBB?

 

“Os participantes são bobos num confinamento prolongado, visando sucesso à custa da perda da privacidade, e não por um talento”, diz professor de ética.

Em 1999, John de Mol, um executivo da televisão holandesa, sócio da empresa Endemol, teve a ideia de criar um Reality Show onde pessoas comuns seriam selecionadas para conviverem juntas dentro de uma mesma casa, vigiadas por câmeras, 24 horas por dia. O nome do programa foi inspirado no nome de um personagem do livro 1984 de George Orwell: Big Brother.

Por aqui, o Big Brother Brasil (abreviado como BBB) teve sua primeira edição em 29 de janeiro de 2002, com uma segunda temporada sendo exibida no mesmo ano. Desde a primeira temporada, a casa usada é a mesma, no entanto são realizadas diversas alterações na decoração e nos cômodos em cada nova edição.

Até 2023, já foram realizadas 23 temporadas. A última era para ser realizada em 2008, porém a TV Globo renovou seu contrato com a Endemol Shine Brasil, permitindo então que o programa seja produzido até 2024 (será que esta será a última edição do reality show?)

 

Para que serve o BBB?

 

Há muitas respostas para essa pergunta. Muitos dizem que o programa visa somente lucro, sem trazer nenhum benefício a quem o assiste. Não é divertido nem cultural. É um programa para criar polêmicas, diferente das primeiras temporadas, nas quais os ‘confinados‘ eram pessoas comuns e anônimas, e o programa realmente proporcionava entretenimento e diversão (inclusive para crianças).

Depois que passou a contar com a participação de famosos, virou apelativo e com exploração da sensualidade. Tudo para manter a audiência, e dessa forma, os patrocinadores.

Segundo o professor de psicologia Valdeci Gonçalves da Silva, entretanto, o programa apresenta alguns aspectos positivos, pois demonstra que o confinamento produz situações alheias à realidade. Para ele, o programa serve como um “laboratório” de apreciação da conduta. Mas o professor ressalta que, num país tão carente de cultura, o Big Brother é um programa que, com tantos recursos investidos, não consegue passar nada instrutivo.

O professor de ética jornalística da Faculdade Cásper Líbero, Eugênio Bucci, publicou um artigo em que equipara este reality show ao crime de sequestro, neste caso às avessas, uma versão circense do delito. Para o educador, o programa é de mau gosto em todo o mundo, mas no Brasil chega a ser torpe.

Compara os participantes a “bobos num confinamento prolongado“, visando a um sucesso à custa da perda da privacidade e não por um talento.

Classifica-o como o mais deseducativo programa da televisão, porque passa valores como o de que a fama justifica qualquer humilhação e a conivência dos adultos face às crianças dá a estas a impressão de que o “circo” da exposição é um meio de ser alguém na vida.

 

Baixaria na TV

 

Em 2007, o programa liderou o 13º ranking “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”, que é formado por denúncias de telespectadores e pelo Comitê de Acompanhamento da Programação, onde estão como representantes mais de 60 entidades que assessoram a Comissão de Direitos Humanos para criar a lista com o “Ranking da Baixaria na TV. O programa liderou novamente os rankings 14º e 17º.

E o que ‘amam’ o BBB? Ante a enxurrada de críticas, poucos se atrevem a manifestar publicamente seu amor pelo programa.

Entretanto, se você faz parte do grupo dos que odeiam o programa –e não se cansam de exaltar sua opinião contrária–, entenda que tal atitude não lhe torna uma pessoa melhor. De acordo com os especialistas, alardear todo ano a sua indignação com a atração só mostra uma coisa: você se identifica com ela de alguma forma.

“Quem se importa em denegrir os assuntos relacionados ao ‘BBB’, certamente, vê em algum dos personagens da edição algo que reconhece em si mesmo e não suporta ver exposto. Traições entre amigos e casais, inveja, tudo isso provoca autoconhecimento e é o que as pessoas não querem”, afirma Mara Lúcia Madureira, psicóloga cognitiva.

“É como se ao falar mal eu negasse pertencer àquilo. Em vez de tentar convencer o outro de que o programa é ruim, questione o motivo de se sentir tão incomodado com o que acontece lá.”

Segundo Mara Lúcia, apesar de não provocar questionamentos intelectuais, a atração trata de aspectos afetivos, dramas pelos quais todos passam em algum momento e, por isso, faz tanto sucesso. “Nenhum programa emburrece. Não é porque escutamos uma estupidez na rua que nossa inteligência vai diminuir. Se determinada atração te satisfaz, tudo bem, se não, procure outra.”

Grupo de Notícias